quarta-feira, 10 de julho de 2013

Prisão Sem Grades

Prisioneiro da realidade, da rotina
Prisioneiro da sociedade que te domina

Prisioneiro da autocracia, do ditador
Prisioneiro do governo explorador

Prisioneiro da imposição, da eloquência avassaladora
Prisioneiro da mídia manipuladora

Prisioneiro do material, do fútil
Prisioneiro de tudo o que é inútil

Prisioneiro do irreal, do irracional
Prisioneiro da religiosidade incondicional

Prisioneiro do egoísmo sorridente
Prisioneiro da própria mente doente

Acorda-te prisioneiro!
Liberte-se e se torne um guerreiro!

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Filho da puta - Cap 3

Naquela noite o bordel estava lotado, muitos homens esperavam pela aparição da mais nova “funcionaria” da casa. Sabiam que era uma menina ainda muito nova e pela propaganda feita pela cafetina, muito bonita, alguns tinham vagas esperança de arrematar uma virgem. Quando digo arrematar, o digo no sentido literal. Naquela noite Rita seria leiloada, quem pagasse mais teria o direito de fazer o que quisesse com ela por uma noite inteira.
Os homens bebiam e conversavam, alguns já se ajeitavam com as meninas de sempre, que estavam produzidas de uma maneira especial, para se aproveitarem do marketing que movimentara a casa daquele jeito.Muitos homens não tinham a intenção de competir pela garota, porem queriam vê-la, pois sabiam que só teriam que esperar algumas semanas para ter uma noite com a novata. Era como uma reserva, assim eles podiam atestar a qualidade e garantir o pedaço de carne que seria consumido em breve. Enquanto não tinham acesso ao file, se contentavam com as carnes de segunda. E era dessa maneira que aqueles velhos bêbados viam aquelas mulheres.
A aparição de Rita foi quase valorizante, se não fosse uma exaltação do ato deplorável que se seguiria. Após ser chamada por Virginia, entrou. Alem da manifestação dos porcos na platéia, viu o olhar de inveja das outras meninas. A cafetina que expunha a menina como em uma vitrine, se aproximou dela e fez com que ela girasse exibindo as curvas, em seguida levantou seu vestido mostrando a langeri vermelha que tentava encobrir a bela bunda, melhor propaganda que poderia ser feita de uma prostituta.
A cidade era pequena, por isso os lances começaram baixos, em R$ 500,00, as ofertas subiam a cada instante ate chegarem ao valor máximo de R$ 4000,00. Para azar de Rita o homem era um dos piores velhos que estavam no salão, devia ter seus 65 anos, podre de rico, chegava a ser nojento. Na boca cinco dentes podres que lhe davam um bafo horrível. Este seria o primeiro homem que pagaria por uma noite com a menina, ele era execrável a qualquer uma. As outras putas, em sua maioria por inveja do alto valor alcançado no leilão, riam-se da desventura pelo que a novata passaria naquela noite. Na verdade o caso era de piedade, pois aquela foi uma das piores noites da vida de Rita, ela teve que fazer sexo do jeito que o velho pediu, realizou todas as fantasias pervertidas que a mente depravada daquele homem era capaz de formular. Mas acabou, e a menina já estava resignada a sua condição.
Depois de tanto falar de Rita já é hora de começar a contar a parte da história em que Miguel aparece. Mas isso e para um próximo capítulo.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Filho da puta - Cap 2

Mais uam vez estava certa. Virgínia apesar de seu ar de piedosa não era dada a caridades. Ele havia, fazia pouco tempo, aberto uma casa que chamava carinhosamente de Boate Luz Vermelha, um puteiro não muito discreto. Pequeno ainda, porém já com alguma clientela. Rita meio que já sabia para onde estava sendo levada, considerando que a situação não podia ser pior do que aquela em que estava no momento. Mas Virgínia apesar de cafetina, tinha um bom coração, e não quis ajudar a jovem por puro interesse, na verdade ela realmente se compadeceu. Considerando a vida que alguem podia levar na rua, os riscos e perigos a que estava exposta, ate um bordeu representava proteção.
Ela não forçou Rita a nada, sabia que a menina ainda era jovem e tinha que se acustumar com a ideia do novo "emprego". Deu a ela um quarto, roupas, comida e todo o tempo que precisa-se para digerir sua nova condição. Rita foi se acostumando aquelas pessoas, aos movimentos noturnos e um dia decidiu que era hora. Em frente a uma velha penteadeira, onde colocava suas coisas, olhando para um velho espelho, já muito desgastado pelo tempo, começou a produção.
Uma coisa, o leitor deve ter reparado que não foram feitas descrições físicas de Rita, o que foi deixado para ser feito neste momento, tudo de caso pensado, devaneios do autor. Nossa personagem era uma menina, com seus 13 anos. Apesar da pouca idade já tinha um corpo bem formado, altura mediana, por volta de 1,65, seios em desenvolvimento, porém já muito atraentes, um quadril largo o que lhe dava curvas de uma mulher adulta. Os cabelos eram castanhos claros, lisos e com ondas que moldavam perfeitamente seu rosto de traços finos e cores intensas. Sua pela era morena, um tom claro de doce de leite, o que combinava bem com seus olhos castanhos claros, quase amarelos, que no sol tinham relusiam e brilhavam naturalmente. Não pense o leitor que essa descrição justifica ou explica a violência sofrida por Rita em casa e após a fulga. A menina tinha por sorte ou azar nascido bonita.
Voltando a boate, Rita escolhe para sua "estreia" um vestido vermelho que havia ganho de Virgínia e ainda não tinha usado. O vestido parecia feito por encomenda, lhe caia muito bem, era feito de um tecido leve e que valorizava suas curvas, deixando seu corpo chamativo e sedutor. Os cabelos foram presos (em parte) por um piranha, dando uma comportada no penteado e deixando as madeixas um pouco livres. Um batom vermelho, lápis forte definindo o formato dos olhos de gata, uma leve sombra e estava pronta.
Virginia já havia avisado as outras meninas que Rita iria para o salão naquela noite, o que despertou muita inveja e ate raiva de algumas, pois elas sabiam que carne nova ja chama atenção, a beleza de Rita seria uma afronta as outras. Algumas ate torciam para que ela fosse para a cama com um homem asqueroso e desisti-se daquela vida. Mas desistir não era uma opção.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O filho da puta - parte 1

Miguel era um menino problemático e feliz. Complicado entender essa relação, na verdade complicado é entender Miguel. Ele mora em Jusopolis, uma cidade próxima a Deus-me-livre, no interior de Que-merda-de-estado. Um lugarzinho esquecido por Deus ou pelo Diabo. Nessa cidade, mais especificamente na rua dos aflitos, funciona um puteiro que provavelmente é mais antigo que a própria Jusopolis. Miguel é fruto de uma desventura nessa casa. Filho de uma puta, literalmente, Miguel cresceu em um ambiente cercado por mulheres da vida e princípios fortemente estabelecidos e respeitados.
Sua mãe apesar da restrita descrição previa, era uma mulher muito ética valorosa e valorável, a seu modo, seu nome era Rita, Maria Rita. A prostituição era apenas uma consequência, uma fatalidade, como ela mesma dizia, um golpe da vida, rasteira do destino. Filha de nordestinos nunca teve condições, péssima desculpa, na verdade seu pai era um pervertido imoral. Estrupada e violentada desde os seis anos de idade, sua mãe uma coitada, sabia de tudo e nada dizia. Rita odiava a ambos, um por destruir tuda a ilusão de pai que a menina tinha, e a mãe por sua omissão e falta de ação.
Fugiu, ao 12 anos. Conseguiu ajuda de uma vizinha que a muito desconfiava do estranho pai. Fugiu sem destino aparente, não aguentava mais aquela merda de vida. Chegando a uma movimentada rodovia que cortava o estado, conseguiu "carona" na boleia de um caminhão. Descobriu que sua casa era um retrato do mundo, descobriu que ambiente em que estava antes de fugir era tão ruim quanto o hostil e desonesto mundo desconhecido que se abria à sua fulga. Fulga nada, mudança de rotina, porém não de hábitos.
Ferida, aprendeu a ser forte, conformou-se como objeto. Pensou em matar-se, nunca conseguiu. Não conseguia deixar de acreditar na vida, sempre prometendo a si mesma mudanças. Conheceu nessa peregrinação Virginia, mulher vivida, com ares de piedosa, que lhe ofereceu comida e abrigo. Rita sabia, não era tola, nem inocente ao ponto de pensar que lhe ofereceriam tal proteção a troco de nada.